Um corpo estranho atravessando o fim do mundo

Disponibilidade: Brasil

Quantas vezes eu disse sim
para as máscaras de papel
que puseram no meu rosto
e lá ficaram
sobre as outras.

Quantos papéis eu deixei assim
vestirem o meu corpo
e a pele se corroeu
até o osso
sob o resto.

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Quando pensamos em poesia – num direcionamento bastante simplista e clichê de nossas mentes – imaginamos algo sublime, belo, quase divinal. Mas não é disso que se trata a poesia e as artes em geral. A poesia se torna reflexo daquele momento histórico, daquele local, daquela situação em que ela está inserida. E nem sempre, ou melhor, quase nunca, se trata de sublimidade.

É nesse local da aspereza que a poesia de Bruno Gavranic habita. Seu trabalho é ruidoso, sujo, repleto de fumaça e poluição. Inserido no caos urbano da metrópole – neste caso, de São Paulo – os versos pulsam na mesma batida do trânsito, da violência, da inquietação das grandes cidades.

Mas isso não faz dessa obra menos poesia. Certa vez, o músico Kiko Dinucci, em entrevista sobre a música paulistana, criou uma imagem que muito revela (também) a respeito do trabalho de Bruno. Disse Kiko: “Essa paulistanice, encaro como um pombo, está na cidade, está sujo, vive de um jeito precário, mas sobrevive. No meio da sujeira, do cinza, da fuligem. O pombo não virou outra coisa, continua sendo uma ave”.

Assim como o pombo de Dinucci, a poesia de Bruno não se altera. Por mais incômoda que possa ser, ainda é poesia. E assim como o pombo, tem capacidade de voar. E voa, alcançando universos inimagináveis.

Sim, Um Corpo Estranho Atravessando o Fim do Mundo nos incomoda justamente porque diz a nosso respeito. Ao olhar para si, e lançar seu olhar para a cidade, Bruno apresenta um passo torto sobre o que somos, e como vivemos nessa contemporaneidade caótica. E sim, tudo isso, toda essa sujeira é bela. Afinal, a beleza das coisas se dá em como nos relacionamos com elas. E podemos nos ver belos, mesmo quando para o mundo parecemos apenas estranhos e sujos.

É necessário nos permitirmos a nós mesmos ficar incomodados. É necessário que vejamos beleza em nosso incômodo. E Um Corpo Estranho Atravessando o Fim do Mundo é o convite ideal para atravessarmos esse apocalipse urbano e alçarmos voo nas asas do pombo, que é sujo, mas não perdeu a capacidade de voar. Bruno Gavranic

Felipe Candido

_outras informações

isbn: 978-85-7105-066-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 76
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2019
edição: 1

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