Oferta!

Meigo energúmeno notas para uma leitura antimachista de Vinicius de Moraes

Disponibilidade: Brasil/Europa

Este ensaio parte de uma curiosa anedota sobre Vinicius de Moraes, que ilustra como sua obra muitas vezes provoca reações ambivalentes nos leitores. Assim como o poeta, que suportou uma dor insuportável sem perceber que seu dedo estava preso à porta do carro, muitos leitores e leitoras sentem um desconforto ao se deparar com aspectos de sua poesia, especialmente no que diz respeito ao machismo presente em seus versos. Essa constatação, ainda que inicialmente desperte surpresa e resistência, frequentemente leva à reflexão sobre como essas questões estão entrelaçadas à obra de Vinicius, sem diminuir a relevância e o impacto cultural de sua produção.
A pesquisa, desenvolvida como dissertação de mestrado, destaca a complexidade da obra do poeta, que transita entre o erudito e o popular, o tradicional e o vanguardista, sendo parte essencial da identidade cultural brasileira. Apesar do foco crítico, a análise não busca desmerecer a contribuição de Vinicius, mas sim explorar um novo ângulo de interpretação, embasado em referências teoricas feministas, destacando as autoras: Simone Beauvoir, Judith Butler e Silvia Federici.

 

10% de desconto
PRÉ-VENDA ATÉ 17/04/2025.

Os livros serão enviados em até 15 dias após o fim da pré-venda

O preço original era: R$60,00.O preço atual é: R$54,00.

_sobre este livro

Com este ensaio, Luca Argel procurou resposta para um sentimento ambivalente, partilhado de resto por muitos de nós que também achamos lindas e comoventes as canções de Vinicius, ao ponto de lhes sabemos os versos de cor, mas reagimos às profundas assimetrias com que desenham as relações entre homens e mulheres. No texto de apresentação do livro, Luca Argel recorda a relevância e o papel inspirador que Vinicius de Moraes teve na sua juventude e sublinha o seu modo de ligar o universo erudito e o popular, a oralidade e escrita, a tradição e a vanguarda, afirmando inscrever-se nesse tipo de linhagem. E todavia (ou, talvez melhor, e por isso mesmo), Luca sente-se na necessidade de interrogar o machismo que facilmente se surpreende por detrás do elogio do amor e da expressão de uma empatia sem reservas pelas mulheres amadas, tão celebradas na obra do Poetinha.
Os livros de poesia, as canções e estudos de Luca Argel denotam uma atenção muito aguda às desigualdades de classe e de género. A leitura que faz do samba clássico, para dar um exemplo, vê na celebração da festa não uma mera expressão da alegria, mas uma resposta com dimensão política ao peso da opressão, da marginalização, da racialização e da pobreza. Do mesmo modo, nesta leitura transversal da obra de Vinicius de Moraes (considerando livros de poesia, canções, crónicas e teatro), Luca analisa uma contradição paradoxal entre a valorização da mulher, companheira num amor absoluto, e a sua real subvalorização como ser humano autónomo e actuante, por muito que isso possa acontecer de maneira involuntária, geracional ou menos consciente. Nas canções que sabemos de cor, Luca identifica estereótipos de uma cultura machista, atitudes paternalistas, formas de subalternização, de infantilização e coisificação das mulheres. E mostra-nos que, sob o elogio da mulher amada, feito de facto com toda a meiguice e delicadeza, corre uma cultura machista por certo mais actuante em meados do século XX, mas ainda hoje longe de desaparecida. Ler criticamente e de forma antimachista a obra de Vinicius de Moraes é então uma maneira de prestar homenagem às inesquecíveis criações do poeta sem render-se acriticamente ao que nelas permanece como sintoma de uma ideologia que ansiamos por ver ultrapassada. E importa notar que Luca Argel deixa bem claro que não lhe compete ajuizar sobre a vida pessoal do famoso e querido Vinicius de Moraes e raramente sai do universo dos poemas, embora possa fazer uma ou outra incursão biográfica. Interessa-lhe, sim, compreender as realizações artísticas do poeta e compositor simultaneamente na sua beleza e no que elas entremostram de um mundo que, mesmo quando parecia render-se às mulheres, as subalternizava de muitas maneiras.

Rosa Maria Martelo

_outras informações

isbn: 978-65-5900-891-9
revisão: Victor Negri
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x21 cm
páginas: 156 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2025
edição: 1ª

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0