Após a morte inesperada do marido, a senhora M. passa a ser confrontada por um intenso despertar sexual — em um processo que parece querer dar lugar a uma ausência total de sentimento de luto. Refletindo sobre a própria vida e ressignificando sua relação com o prazer, acompanhamos a personagem por cenas do seu cotidiano em uma narrativa de forte fundo autobiográfico, na qual se nublam as fronteiras entre o conto de fadas e a literatura erótica. Em O amor absoluto, Higor Brunieri investiga o papel da fantasia e seus desdobramentos no pleno exercício da vida — da infância à vida dita “adulta”.
R$52,00
_sobre este livro
Uma obscena senhora M. desperta e sai de casa. Vestida de preto, vaga por multidões — delirando com gozo e carnificina, como uma Dalloway maldita — que nem imaginam como desejou o amado até matá-lo na noite anterior. O amor e o luto lhe preenchem as entranhas, empreitando uma transformação lenta, mas bruta de humano em animal, Tudo em Nada, corpo em miragem. O livro segue o ritmo, como se escrito por dentro de suas próprias entranhas, cada letra e quebra de prosa em poesia, visão em plágio, espírito em carne um pedaço minúsculo de pele criando escama, centímetro por centímetro, até a metamorfose final. O que é o amor? É “aceitar a abjeção”, “preferir a merda à bile”, é “abrupto abençoado abscôndito amplexo amálgama”. É um coração destruído por ferro derretido. É um duelo entre uma travesti loira bombshell e uma travesti Vênus negra à tarde na praça. É um sacrifício de orifício a Baco no castelo de um marquês do século xviii. É couro, veludo e látex. É uma pérola num buraco. Nesse sonho febril de Higor Brunieri é uma força-motriz de fábrica em serviço literário, compondo um mosaico bataillano de penumbra e encanto raramente visto antes nas letras nacionais. Mesclando influências de decadentismo ornado com um espírito anárquico, punk de experimentação, o efeito final é estupefante. Uma viúva negra é uma sereia é uma menininha hesitante de Creta é horror dionisíaco é o próprio amor do título, encorpado num símbolo feminino que se multiplica e fragmenta em vários, insatisfeito com qualquer significado ou face que limite sua jornada infernal rumo às profundezas da carne. “Descer, ir abaixo. Deitar pro mundo. Sucumbir, ou seja, se render.” Que os mortos enterrem os mortos.
Pedro Minet
_outras informações
isbn: 978-65-5900-915-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 104 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª