Exoterra

Exoterra é uma promessa. A busca por um lugar habitável fora daqui. Um convite ao leitor para que adentre este espaço que, diverso, torna-se semelhante na medida em que serve de ponto de partida para o retorno.

Nos poemas de Beatriz, a escrita funciona como um instrumento de dissecação da identidade, uma bússola que aponta para o seu íntimo enquanto analisa o seu entorno, transformando o incômodo do não pertencimento em arte.

Diante do novo, o eu lírico se sente uma criança: ávida pela novidade, pelas primeiras vezes e pela incerteza. Ao vislumbrar a imensidão de um novo horizonte, passa a se encontrar nos vestígios do que desconhece. Como um explorador que tenta demarcar o território não pelos pontos de reconhecimento, mas sim pelo que lhe causa estranheza.

Em terras estrangeiras, a poeta traça um mapa de si mesma. Analisa cada possibilidade, tomando o cuidado de afirmar, a todo momento: não estou aqui. Até se perceber como alguém que partiu, mas leva dentro de si o lugar de origem. “Sentir saudade significa / estranhar a ausência de algo”, e é nessa ausência (nas entrelinhas) que ela se encontra: “onde eu puder sorrir / hei de fincar / minha bandeira”.

Carla Guerson, escritora e poeta