alguém na varanda
leva uma vasilha
que está cheia
e
espera o fio
voltar a ficar quieto
R$52,00
_sobre este livro
Poderíamos dizer: este é um livro que se compõe como um álbum de figurinhas, uma coleção de imagens, uma sequência de espantos que se chocam com a própria vivência do poeta. Mas, se comparamos seus poemas a objetos, cairíamos em um erro, “porque um objeto pode ser útil ou decorativo, e a poesia não o pode ser nunca”, como disse Herberto Helder.
O melhor é se deixar levar pelo livro. Como estou dirigindo é daqueles que ficam para sempre na memória. Dividido em quatro partes (Saturno leva sempre algo nas mãos, Como se constrói uma melancolia de domingo, Ante nossas portas desdentadas e O escapista), o livro reage também com as próprias lembranças e imaginação do leitor, “como uma cisalha da memória do chumbo”.
No poema que dá nome ao volume, a frase-clichê “Como estou dirigindo” revela imagens impressionantes: uma biga conduzida por coiotes, um boi em chamas. O poema “mas isso só me ocorre agora”, com sua música encantatória, parece ecoar Joe Brainard ao mesmo tempo que se afasta dele: Lembro da face da dona do Tibola mas não sei bem o porquê (…) lembro da cara de Francrílson cujo nome pedi que me copiassem/ em um rótulo de cerveja/ e guardei como um troféu oleoso/ conquistado no ringue dos nomes transformadores.
Poderíamos dizer, sem medo de errar, que é um livro como uma barbearia que aparece e reaparece como mágica, cujo barbeiro é um tipo que lembra Houdini ou Gurdjieff e nunca se deixa deter.
Bernardo Brayner
_outras informações
isbn: 978-65-5900-870-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 152 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª