Ana Luzia Oliveira é palavra para o que não se escreve ante a altares sacros… Sua poesia é um convite ao sacrilégio da língua… Mutante… Ardente… Indecente!
Sua poética deita num transcorrer explícito, líquido e fluxo que dispensa confissões e penitências. Uma ousadia à margem das normas. Versa em desobediências!
Ignora a meia-luz! Desnuda hipocrisias e fala! Fala despudoradamente o que não precisa de pudor algum.
Ná Silva empresta arte ao traço que traduz rodapés de (re)existência! Digitais de escritas em teias fêmeas subversivas contra muros de silenciamentos.
Ana Luzia e Ná nos trazem, na coloquialidade que pressupõe qualquer prazer, a porta aberta de mulheres que derrubam muros e fazem nascer primaveras eróticas e fecundas na estação das sombras.
Erótica é a voz da pele de quem não se sabe caber, tampouco caber nas quatros paredes da página em branco. Erótica é a polifonia das fendas que não se amarram.
Por isso, Ana Luzia Oliveira e Ná Silva se derramam neste livro em total desconvenção. São por essência a vivência literária e artística do prefixo “des”. São a negação explícita!
Se vocês, leitores, esperam comedimentos dos sentidos, um alerta: não abram este livro!
Aqui é lugar de espelhos dos avessos! De mergulho em marés cheias de tudo. Poesia nua, crua, dona de si e de todas as fases da lua.
Néctares é alimento para almas livres! Início, meio e final de ciclos com as cores e dores de toda metamorfose-mulher.
A quem é de boa coragem, bem-vindes a este livro: é tempo de transformação e liberdade.
Renata Corrêa