Não foi assim que nos pediram os que morriam?

Disponibilidade: Brasil

Um violoncelista escrevendo notas de pesar.
Uma senhora em pé no ônibus ajeitando as alças da mochila.
Uma recepcionista em seu primeiro dia
me perguntando escondida como é que se desliga o Macintosh.

R$48,00

_sobre este livro

Enquanto lia esta obra de estreia do poeta Gabriel Stroka Ceballos, certos versos de Donizete Galvão não cessavam de retornar à minha cabeça. Publicados em O homem inacabado, no ano de sua morte, dizem: “Atravessar as coisas/para melhor absorver-lhes/a duração e o gosto”, e continua: “Sair do outro lado/com outra densidade:/o corpo mais sólido/diante da correnteza/desses dias”.

Não creio ter sido à toa. Quando se entra em contato com a poesia de um autor novo, convoca-se todos os autores já lidos, como companhias para a travessia do desconhecido. Pois bem, ao que me parece, é justamente sobre as complexidades de atravessar a vida (e ser atravessado por ela) que trata este Não foi assim que nos pediram os que morriam?. 

Do poema que abre o livro ao que o encerra, engenhosamente posicionados, Gabriel vai construindo um inventário de observação e questionamento do mundo. Página a página acompanhamos o poeta em um caminho tortuoso de aproximações e afastamentos da metafísica: “Deus não apareceria tanto aqui/mas não sou eu quem escolhe”.

O solo do trajeto é movediço, os filhos já não têm mais os nomes dados pelos pais, a terra escarra os corpos dos avós, o amor não passa de um brinquedo antigo, “que ameaça/mas não decide onde cair”, ratos aparecem pelo caminho, um cão voraz morde a carne da canela.

A duras penas, a passagem ao real vai se fazendo, convidando-nos a certas reflexões filosóficas e nos colocando frente a questões do nosso presente comum. O poeta explora caminhos e meios para tentar elaborá-las, inclusive através do corpo, que ganha mais matéria, mas não sem todas as implicações da presença e da consciência deste corpo aqui, agora: “Minha mandíbula se fecha e range com o terror/mas não deixo que meus dentes se quebrem”.

Essa tensão da existência, familiar a nós e narrada tão bem por Gabriel nos poemas que compõem este seu primeiro livro, acaba por amarrá-los de tal forma que podem ser lidos, por que não?, como capítulos breves de um romance de formação movido pela memória e pela tarefa de construir, através dela, um novo mundo possível “tábua por tábua”.

André Oviedo

_outras informações

isbn: 978-65-5900-205-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 100 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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