estou aqui, independente do que aqui significa
queríamos ir pra casa
mas onde é isso?
dividida entre alucinação e luto
embalo os sonhos
na superfície turva das coisas
R$45,00
_sobre este livro
Te convido a adentrar nessa antologia não pelo sinônimo já consolidado de reunião de poemas e/ou textos literários, mas pelo sentido primevo do termo (anthologia, em grego; florilegium, em latim), ou seja, coleção de flores. Se essa associação entre buquê poético e corpos femininos e feminizados, num primeiro momento, parece reafirmar imagens construídas de docilidade, fragilidade e beleza, um olhar mais acurado talvez revele outros sentidos em disputa: as flores que aqui se cultivam pesam, quebram balanças, rompem os vasos, destroem azulejos, ultrapassam portões, exploram o subterrâneo, não estão à venda e expelem substratos que, em decomposição, tornam-se seiva, memória e adubo. É terracota: sangue cíclico que germina desde seus cortes e secreções, tinge o solo e invade o céu evocando alvoradas-romã. Ao ler Chão vermelho, os episódios da web-série humus: tierra fértil para sembrar la rebeldia, que reúne diversas lideranças feministas da América Latina, me vêm à cabeça. Além da metáfora da terra, esses trabalhos dialogam na compressão do corpo de mulheres e dissidências como território da conquista colonial, de retomada e insurgência. Chão vermelho se coloca nesse coro de vozes, enunciados, palavras, gritos e segredos que desestabilizam dicotomias enraizadas e, através das diferenças, semeiam presentes outros. Assim, te convido a adentrar nessas belicadezas tecidas no encontro e ressonância coletiva de Árizla Ismália, Gabriela Dias, Gabriela Guimarães, Jamille Anahata, Jéssica Moreira, Júlia Matelli, Lara Galvão, Luciana D’Ingiullo e Thamires Andrade. É tempo de aurora-lútea!
Luiza Romão
_outras informações
isbn: 978-65-87938-42-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 11x18,5cm
páginas: 112 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª